O Forno dos Mouros é uma grande rocha insculturada na vertente ocidental da serra do Arestal. Situado à altitude de cerca de 700 metros, este domina uma paisagem ampla que se estende pelas serranias mais baixas. As manifestações artísticas nesta região (denominada Arte Atlântica) remontam ao IV Milénio a. C., época coincidente com a emergência do megalitismo; nesta altura, a dependência da agricultura e pastorícia ditava uma nova relação entre o Homem e a Natureza, com o imaginário e o simbolismo a estar na base do aparecimento de uma arte abstrata materializada em penedos ao ar livre. Um dos mais belos e representativos exemplos da Arte Atlântica Peninsular no Norte de Portugal é sem dúvida o Forno dos Mouros.
A localização do Forno dos Mouros é coincidente com o contacto geológico entre xistos e granitos, podendo essa ser uma das razões da inscultura feita aqui. A vertente do Arestal é hoje coberta em grande parte por plantações, mas o sub-bosque revela, por vezes, uma floresta paludosa, dominada por sanguinho, consequência da humidade constante a que esta serra está sujeita por ser a primeira barreira para as nuvens provenientes do atlântico. Junto às linhas de água aparece amiúde o azevinho, e nos descampados não falta a centáurea, planta de distribuição confinada ao território português. No rio Bom (que a jusante é chamado rio Mau) podemos observar, ao nascer do dia, a lontra, que por aqui vai encontrando os peixes de que se alimenta. Entre os anfíbios, a rã-ibérica com a sua máscara escura junto ao olho pode ser observada sempre junto à água. Neste vale refugia-se ainda um carvalhal de carvalho-alvarinho que outrora cobria grande parte do Arestal e que abriga espécies notáveis como o pica-pau-malha do-grande.