A Pedra Escrita de Serrazes é um monólito granítico com cerca de 2,5 metros de altura e 2 metros de largura, e foi classificada como IIP – Imóvel de Interesse Público, em 1946. Este monumento foi secionado verticalmente, com a face plana voltada a nascente estando, quase na totalidade, repleto de gravuras, à exceção de duas zonas das quais se desagregou uma camada granítica superficial onde, provavelmente, estariam também gravuras. As gravuras rupestres da Pedra Escrita, à semelhança das que foram encontradas noutros locais deste território, correspondem ao período entre o Calcolítico e a Idade do Bronze, entre o 4º e o 1º milénio a. C., com figuras abstratas e geométricas. Os petróglifos aqui gravados são de três espécies: circunferências simples e concêntricas, sinais quadrangulares (em xadrez) e covinhas (fossetes), que se enquadram na tradição da arte Atlântica.
Localizados numa pequena elevação entre o rio Varoso e o rio Vouga, os bosques que aqui se desenvolvem são termófilos, pelo que se pode encontrar facilmente medronheiro e folhado. Nos afloramentos graníticos, alguns narcisos como os campanários e as campainhas-amarelas, embelezam a pedra dura. Nos céus patrulha em permanência a águia-de-asa-redonda, escutando-se amiúde o seu característico guinchar. Nos carvalhais podemos encontrar espécies tão diversas como a vaca-loura, escaravelho que necessita de bosques maduros, e o pica-pau-malhado-grande, ave com a mesma preferência ecológica porque necessita de árvores velhas. Já a salamandra-de-pintas-amarelas esconde-se na folhagem em busca dos invertebrados de que se alimenta.
A arte Atlântica é uma manifestação artística caraterística da fachada atlântica do noroeste peninsular, entre a Galiza e a bacia do Vouga, e tem afinidades com outras regiões da Europa, como a Irlanda, norte de Inglaterra e Escócia. No nosso território são conhecidos vários exemplos, destacando-se o Outeiro dos Riscos e as gravuras de Trebilhadouro (Vale de Cambra), o Forno dos Mouros (Sever do Vouga), a Pedra do Souto (Oliveira de Frades), as Eirinhas e a Cárcoda (São Pedro do Sul), a Pedra da Lufinha (Viseu) e a Pedra dos Pratos (Castro Daire). A imagem do círculo parece ter-se tornado a representação ideal do espaço na Europa atlântica a partir do Neolítico. São várias as teorias que tentam explicar o significado: os afloramentos onde encontramos esta arte rupestre seriam lugares sagrados integrados na paisagem envolvente; as inscrições geométricas poderiam ser representações da geografia local ou mesmo marcos de delimitação do território; talvez fossem alguma espécie de calendário, estando as formas geométricas relacionadas com os corpos celestes.