O poço Negro é um pedaço do rio Paiva inserido numa paisagem fantástica, e envolto em grande mistério. Reza a lenda que este poço é fundo, muito fundo, e que nas profundezas das suas águas se encontram dois túneis, um com um gás mortal, e outro com um tesouro guardado por uma moura encantada. Contam as histórias populares que, durante estes anos todos, apenas um homem conseguiu retirar o tesouro das profundezas do poço mas que, vencido pelo cansaço, adormeceu num penedo junto ao mesmo. Quando acordou, o tesouro tinha desaparecido, levado de volta para o fundo das águas pela bela moura. Há quem diga que ainda hoje é possível ouvir cantar a moura encantada, e ouvir os lamentos do pobre homem junto ao poço Negro.
O Poço Negro e a sua envolvente apresentam uma beleza rara. A vegetação frondosa das suas galerias e encostas é rica e variada. Nas galerias ribeirinhas, o amieiro e o freixo dominam, e surgem arbustos termófilos como o aderno e a murta, vestígios da vegetação paleotropical. Também aqui podemos encontrar a lameirinha, a endémica maceróvia-pedunculada ou a rara cravina-de-plumas. Percorrendo o rio, podemos observar diversa fauna de grande valor, como a rara e protegida libélula macrómia, a libelinha gaiteiro-azul, o esquivo melro-de-água, a lontra ou a toupeira-de-água, mamífero discreto de difícil deteção.
Ao longo dos tempos, as populações do vale do Paiva sempre aproveitaram a força das águas deste rio, através dos muitos moinhos e pisões. Os moinhos ainda podem ser observados ao longo do rio e seus afluentes. Os pisões, atualmente extintos, serviam a produção de linho, burel e lã. Aqui, junto à ponte de Melo encontra-se, provavelmente, o maior moinho do vale do Paiva: o moinho de Melo.