O rio Vouga, a jusante da ponte de Pessegueiro, é um Sítio de Importância Comunitária (SIC) por constituir um local muito importante para a conservação de espécies de peixes migradores como o sável, a savelha, a enguia, a lampreia-marinha e a endémica lampreia-de-rio. O Vouga nasce na serra da Lapa e desagua em Aveiro atraindo, com a sua água e galerias ripícolas bem conservadas, uma imensa biodiversidade. Desde este sítio até à foz é um rio de águas livres, com uma dinâmica natural muito acentuada que origina rápidos, ilhas temporárias, remansos, praias e poços. O poço de Santiago é um desses exemplos, ficando localizado sob a ponte ferroviária do Vouga com o mesmo nome, edificada nos inícios do século XX, e que constituium ex-líbris de Sever do Vouga.
O rio Vouga tem uma galeria ripícola bem preservada, com salgueiros, amieiros, freixos, carvalhos e ulmeiros, habitat para muitas espécies de flora e fauna. No leito do rio encontramos garças-reais, guarda-rios e lontras, ao passo que nas suas margens podemos observar a borboleta apatura-pequena, muitos passeriformes e algumas libélulas raras e protegidas, como a macrómia e a esmeralda que, no estado larvar, habitam os poços e pegos mais profundos. O Vouga destaca-se pela presença de peixes migradores; é ainda um sítio relevante para o ruivaco, o escalo, o bordalo, a boga e o barbo, muitas delas endémicas do território português. A herpetofauna conta com muitas espécies que aqui encontram refúgio, como o lagarto-de-água, a cobra-de-água-viperina, a salamandra-de-pintas-amarelas, a rã-verde, o sapo-comum e o sapo-parteiro.
O rio Vouga tem sido fonte de vida e riqueza para o homem desde tempos imemoriais. Testemunho disso são os recentes achados arqueológicos junto à foz do Teixeira, que provam que o ser humano já habitava nas margens do Vouga há 150.000 anos atrás. Com a finalidade de pescar e atravessar o rio, o engenho humano desenvolveu a bateira, embarcação simples que permite navegar no Vouga a vau.