No rio Caima, junto a Vale de Cambra, fica a formosa e acolhedora praia fluvial de Burgães onde é possível ir a banhos. Aqui, locais e forasteiros podem mergulhar nas águas cristalinas com origem no planalto da Freita. O rio Caima, despenhando-se do alto da Frecha da Mizarela, corre célere pelo vale encaixado da bacia do Caima, vindo a desaguar no Vouga. Perto da praia fluvial, o fontanário de Santa Cruz aproveita as águas de um pequeno afluente do Caima, testemunhando tempos onde a rede de fontes era crucial para a sobrevivência das populações. Mais a montante, no açude Moreira, tem origem uma parte da água que abastece a rede de rega de Burgães, que percorre mais de 20 km para regar os campos em volta de Vale de Cambra.
Perto daqui, nos contrafortes da serra do Arestal, a ribeira de Moscoso tem alguns dos mais raros fetos de Portugal, a língua-cervina, curioso feto que lembra uma enorme língua verde, e as cabrinhas, fetos epífitos que crescem em paredes rochosas e sobre árvores centenárias. Estas espécies são relíquias dos bosques subtropicais que outrora dominaram a Península Ibérica, mas que hoje apenas se encontram em alguns pequenos refúgios. A erva-pombinha e o hipericão-do-gerês são também plantas indicadoras destes bosques com afinidades macaronésicas, embora sejam bastante mais comuns que os fetos mencionados. Da fauna diversa que aqui podemos encontrar, destaque para a libelinha gaiteiro-azul, e para os frequentes lagarto-de-água (espécie endémica ibérica) e sapo-comum, que podem ser observados nos arrelvados junto ao Caima.