A cascata do Poço de Grade é uma surpreendente queda de água com 12 metros de altura localizada entre o poço da Vaca (acessível através da levada de Lourizela), e a albufeira do rio Arões. Para chegarmos à cascata é preciso subir cerca de 300 metros pelo leito do rio. Esta aproveita o desnível da geomorfologia do rio Arões, aqui denominado de Lordelo. Este desnível, mesmo a montante da cascata, origina um canal de escoamento formado pelo coalescimento de inúmeras marmitas de gigante, configurando um curioso e sinuoso labirinto escavado no granito pela força milenar das águas. Mais abaixo, no poço da Vaca, tem origem a levada de Lourizela, que conduz água para mover moinhos e para o regadio até Lourizela, percorrendo mais de três quilómetros. A cascata do Poço de Grade fica nas proximidades de Lameiras, e o poço da Vaca fica perto de Parada.
O rio Lordelo, a montante chama do Arões, é um rio de montanha com uma galeria ripícola bem formada, onde por vezes aparece o azevinho. A salamandra-lusitânica e a rã-ibérica estão sempre presentes na ribeira, podendo ser observadas dentro e fora de água. No vale do Lordelo, o carvalhal oferece um habitat florestal para um sem número de espécies, das quais se destacam o escaravelho vaca-loura, o pica-pau-malhado-grande e a salamandra-de-pintas-amarelas. Entre as espécies florísticas, as esporas-bravas, o hipericão-do-gerês e as primaveras presenteiam-nos com as suas cores contrastantes. A rara borboleta apatura-pequena, provavelmente a mais bela borboleta da nossa fauna, pode aqui ser observada no início do verão, e é indicadora do excelente estado de conservação destas florestas.
Na levada de Lourizela podemos observar alguns moinhos de rodízio que ainda hoje se mantêm em laboração, produzindo farinha de milho para confecionar as afamadas boroas. Esta levada conduz água para os regadios e lameiros que se multiplicam junto ao rio Lordelo, entre Parada e Lourizela, e atravessa pinhais, carvalhais, vinhas, lameiros e mesmo quintais de casas para levar a água ao seu destino.